Cantora
[12 / 08 /1943 <==> 02 / 04 / 1983]
Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, conhecida como Clara Nunes, foi uma famosa cantora Brasileira, que nasceu em Paraopeba, interior de Minas Gerais no dia 12 de agosto de 1943 e é considerada uma das maiores intérpretes do país.
Pesquisadora da música popular brasileira, de seus ritmos e de seu folclore, Clara também viajou várias vezes para a África, representando o Brasil.
Conhecedora das danças e das tradições afro-brasileiras, ela se converteu à umbanda.
Clara Nunes seria uma das cantoras que mais gravaria canções dos compositores da Portela, sua escola do coração. Também foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias, derrubando um tabu segundo o qual mulheres não vendiam disco.
Caçula dos sete filhos do casal Manuel Ferreira de Araújo e Amélia Gonçalves Nunes, Clara Nunes nasceu no interior de Minas Gerais, no distrito de Cedro - à época pertencente ao município de Paraopeba e depois esse distrito virou cidade e foi emancipado com o nome de Caetanópolis, onde viveu até os 16 anos.
Marceneiro na fábrica de tecidos Cedro & Cachoeira, o pai de Clara era conhecido como Mané Serrador e também era violeiro e participante das festas de Folia de Reis. Mas Manuel morreu em 1944 e, pouco depois, Clara ficaria também órfã de mãe e acabaria sendo criada por sua irmã Dindinha (Maria Gonçalves) e o irmão José (conhecido como Zé Chilau). Naquela época, Clara participava de aulas de catecismo na matriz da Cruzada Eucarística.
Lá também cantava ladainhas em latim no coro da igreja. Segundo as suas próprias palavras, cresceu ouvindo Carmem Costa, Ângela Maria e, principalmente, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, das quais sempre teve muita influência, mantendo, no entanto, estilo próprio.
Em 1952, ainda menina, Clara venceu seu primeiro concurso de canto organizado em sua cidade, interpretando "Recuerdos de Ypacaraí".
Como prêmio, ganhou um vestido azul.
Aos 14 anos, Clara ingressou como tecelã na fábrica Cedro & Cachoeira, a mesma para o qual seu pai trabalhou.
Teve que se mudar para Belo Horizonte, indo morar com a irmã Vicentina e o irmão Joaquim, por causa do assassinato de um namorado, cometido em 1957 por seu irmão Zé Chilau.
Na capital mineira, Clara trabalhou como tecelã durante o dia e fez o curso normal à noite.
Aos finais de semana, participava dos ensaios do Coral Renascença, na igreja do bairro onde morava. Naquela época, conheceu o violonista Jadir Ambrósio, conhecido por ter composto o hino do Cruzeiro).
Admirado com a voz da jovem de 16 anos, Jadir levou Clara a vários programas de rádio, como "Degraus da Fama", no qual ela seNo início da década de 1960, Clara conheceu também Aurino Araújo (irmão de Eduardo Araújo), que a levou para conhecer muitos artistas. Aurino também seria seu namorado durante dez anos.
Por influência do produtor musical Cid Carvalho, mudou o nome para Clara Nunes, usando o sobrenome da mãe.
Quando solteira se chamava Clara Francisca Gonçalves de Araújo, depois de casada que adotou o sobrenome Pinheiro. Em 1960, já com o nome de Clara Nunes e ainda como tecelã, ela venceu a etapa mineira do concurso "A Voz de Ouro ABC", com a música "Serenata do Adeus", composta por Vinicius de Moraes e gravada anteriormente por Elizeth Cardoso.
Na final nacional do concurso realizada em São Paulo, Clara Nunes obteve o terceiro com a canção "Só Adeus" (de Jair Amorim e Evaldo Gouveia).
A partir daí, Clara Nunes começou a cantar na Rádio Inconfidência de Belo Horizonte.
Durante três anos seguidos foi considerada a melhor cantora de Minas Gerais.
Ela também passou a se apresentar como crooner em clubes e boates na capital mineira e chegou a trabalhar com o então baixista Milton Nascimento - àquela altura conhecido como Bituca. Naquela época, fez sua primeira apresentação na televisão, no programa de Hebe Camargo em Belo Horizonte.
Em 1963, Clara Nunes ganhou um programa exclusivo na TV Itacolomi, chamado "Clara Nunes Apresenta" e exibido por um ano e meio. No programa se apresentavam artistas de reconhecimento nacional, entre os quais Altemar Dutra e Ângela Maria.
Viveu em Belo Horizonte até 1965, quando se mudou para a cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente para Copacabana.
Já no Rio de Janeiro, Clara Nunes se apresentava em vários programas de televisão, como José Messias, Chacrinha, Almoço com as Estrelas e Programa de Jair do Taumaturgo.
Antes de aderir ao samba, Clara cantava especialmente boleros.
Além de emissoras de rádios e televisão, ela também percorreu escolas de samba, clubes e casas noturnas nos subúrbios cariocas.
Ainda em 1965, ela passou por um teste como cantora na gravadora Odeon, onde registrou pela primeira vez a sua voz em um LP.
O disco foi lançado pela Rádio Inconfidência (onde Clara trabalhou quando morava em Belo Horizonte) e contava com a participação de outros artistas, todos da Odeon.
No ano seguinte, Clara foi contratada por esta gravadora, a primeira e a única em toda a sua vida.
Naquele mesmo ano, foi lançado o primeiro LP oficial da cantora, "A Voz Adorável de Clara Nunes".
Por insistência da gravadora para que ela interpretasse músicas românticas, Clara apresentou neste álbum um repertório de boleros e sambas-canções, mas o LP foi um fracasso comercial.
Em 1968, Clara Nunes gravou "Você Passa e Eu Acho Graça", seu segundo disco na carreira e o primeiro onde cantaria sambas.
A faixa-título (de Ataulfo Alves e Carlos Imperial) foi seu primeiro grande sucesso radiofônico.
No ano seguinte, a Odeon lançou "A Beleza Que Canta", LP no qual a cantora interpretou "Casinha Pequena", uma canção de domínio público.
Ainda em 1969, Clara Nunes ganhou o primeiro lugar no "I Festival da Canção Jovem de Três Rios" com a música "Pra Que Obedecer" (de Paulinho da Viola e Luís Sérgio Bilheri) e ainda classificou a canção "Encontro" (de Elton Medeiros e Luís Sérgio Bilheri) na terceira colocação.
Clara Nunes se apresentou em Luanda, capital angolana, em convite de Ivon Curi.
No ano seguinte, a cantora gravou seu quarto LP, no qual interpretou e "É Baiana" (de Fabrício da Silva, Baianinho, Ênio Santos Ribeiro e Miguel Pancrácio), música que obteve considerável sucesso no carnaval de 1971, e "Ilu Ayê", samba-enredo da Portela (de autoria de Norival Reis e Silvestre Davi da Silva).
Na capa do álbum, a cantora mineira fez um permanente nos cabelos pintados de vermelho e passou a partir daí a se vestir com roupas que remetiam às religiões afro-brasileiras.
Em 1972, Clara se firmou como cantora de samba com o lançamento do álbum "Clara Clarice Clara".
A Odeon lançou em 1973 o disco "Clara Nunes".
Naquele mesmo ano, a cantora estreou com Vinicius de Moraes e Toquinho o show "O poeta, a moça e o violão" no Teatro Castro Alves, em Salvador.
Também em 1973, Clara foi convidada pela Radiotelevisão Portuguesa para fazer uma temporada em Lisboa.
Depois, percorreu alguns outros países da Europa, como a Suécia, onde gravou um especial ao lado da Orquestra Sinfônica de Estocolmo para a TV local.
Clara Nunes integrou a comissão que representou o Brasil no "Festival do Midem", em Cannes, em 1974.
Por lá, a Odeon somente para o público europeu o disco "Brasília", que foi base para o LP "Alvorecer".
Este álbum emplacou grandes sucessos como "Contos de Areia" (de Romildo S. Bastos e Toninho Nascimento), "Menino Deus" (de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) e "Meu Sapato Já Furou" (de Mauro Duarte e Elton Medeiros).
O LP bateu recorde de vendagem para cantoras brasileiras, com mais de 300 mil cópias vendidas, um feito nunca antes registrado no Brasil.
Em 1979, Clara participou do LP "Clementina", de Clementina de Jesus.
Naquele mesmo ano, a cantora mineira se submetia a uma histerectomia (remoção do útero), após sofrer três abortos espontâneos, por causa dos miomas que possuía no útero.
Também carregava problemas desse tipo desde a infância.
Ela tentou de todos os métodos e não obtinha respostas.
Por nutrir obsessão pela maternidade, a impossibilidade de ser mãe a fez sofrer muito, causando a Clara Nunes fortes abalos emocionais, superados pela entrega absoluta à carreira artística, a fazendo compor músicas belíssimas e de intensa carga emocional.
Em 1980, Clara Nunes gravou o álbum "Brasil Mestiço", que fez sucesso nas emissoras de rádio de todo o país com "Morena de Angola" (composta por Chico Buarque em sua homenagem), "Brasil Mestiço, Santuário da Fé" (de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro.
Causa da Morte:
Clara Nunes faleceu na madrugada de 2 de abril de 1983, prematuramente, aos 40 anos de idade, depois de vinte e oito dias em coma: no princípio de março, ela se internou na Clínica São Vicente, no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, onde se submeteu a uma simples operação de varizes na perna esquerda, por motivo de fortes dores que sentia ao dançar. Sofreu parada cardíaca e paralisação da atividade cerebral, por falta de oxigenação, vítima de um choque anafilático ou de um erro médico. O corpo foi velado na quadra da Escola de Samba Portela - uma de suas paixões - e sepultado no Cemitério São João Batista, em meio a muita emoção dos fãs, cantores e parentes, numa tristeza coletiva poucas vezes vista no Brasil.
Sepultamento:
O corpo de Clara Nunes foi enterrado no Cemitério São João Batista.
R General Polidoro, s/n -
Botafogo.
Cidade do Rio de Janeiro, RJ - Brasil.
Coordenadas GPS (Latitude / Longitude):
[22°57'32.18"S / 43°11'16.92"W]
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